Wado-ryu (em japonês: 和道流, wadō-ryū)[a] é um estilo de caratê, criado pelo mestre japonês
Hironori Otsuka, em 1932, no qual são mescladas técnicas do estilo Yoshin-ryu jiu-jitsu dentro da forma ensinada pelo mestre Gichin Funakoshi, quando da ruptura entre os dois mestres. Estima-se que haja cerca de 600.000 praticantes em todo o mundo. A sede Wado-kai está localizada em Tóquio, no Japão. A entidade já foi presidida por Ryutaro Hashimoto, ex-primeiro-ministro japonês e faixa preta.
História
O mestre Otsuka graduou-se experto do estilo Shindo yoshin-ryu de jiu-jítsu, que começou a treinar ainda com a idade de treze anos, por cerca de 1905. Esta escola tradicional (ou koryu), criada por Katsunosuke Matsuoka, é uma das ramificações do vetusto estilo Yoshin-ryu. Matsuoka tinha estudado Jikishin kage-ryu kenjutsu, Hokushin itto-ryu kenjutsu, Tenjin shinyo-ryu jujutsu e na academia Bakufu kobusho, que era a instituição oficial no período Edo.
O estilo Yoshin-ryu, por seu turno, fora criado pelo mestre Yoshitoki Akiyama nos idos da década de 1530, aparentemente depois de uma epifania equanto meditava sobre a resistência da árvore de salgueiro debaixo duma nevasca. Entrementes, sua evolução, o estilo teria sido ensinado ao mestre Matsuoka por Hirotuska Totsuka, que o utilizou como espeque de sua própria evolução e da criação de seu estilo peculiar.
Seguindo a linhagem de ensino, Matsuoka tomou por apedeuta a Matakichi Inose; este a Tatsusaburo Nakayama, que foi mestre de Hironori Otsuka.
Em 1917, Otsuka teve com Morihei Ueshiba e se tornaram amigos. Em 1921, Otsuka recebeu o grau de mestre de jujutsu. Em 1922, Otsuka tornou-se aluno de mestre Funakoshi. Com dedidação aos treinamentos, logo galgou grau de mestre de caratê, mas como já tinha uma visão própria de como a arte marcial deveria evoluir, levou-se à cisão e à criação de um estilo particular, no qual as técnicas de tai sabaki, nage waza, ukemi waza tivessem maior relevo, pois, segundo a observação de Otsuka, o currículo composto por inúmeros kihon, a despeido de aprimorar o condicionamento físico, não tinham muito emprego prático num embate real.
Por volta de 1929, Otsuka já tinha composto um currículo básico de futuro estilo, o qual era uma quimera baseada no seu estilo de jiu-jitsu e da variação do estilo Shorin-ryu ensinado pelo mestre Funakoshi. O que deixa esse aspecto mais aparente são, por parte do jiu-jitsu, a tendência a uma luta mais fechada com o oponente e, por parte do caratê, o maior foco nas técnicas contundentes e lista de kata, quinze. Foram desenvolvidas sequências de luta combinada, ou yakussoku kumite, para o treinamento das técnicas e, no decorrer, o mestre Otsuka passou a treinamento livre de luta, jiu kumite e shiai kumite, com os alunos.
Nessas sessões de luta, eram utilizados os coletes desenvolvidos para o treinamento de kendo, no fito de promover protecção aos praticantes. Do aiquidô, posto que subtilmente, a influência mostrou-se no nome adoptado, que à semelhança da arte de Ueshiba, o termo «harmonia» faz parte da denominação do estilo.
E, na mesma trilha, as características do pouco uso de energia própria, o pouco esforço físico, e do uso de esquivas e controlo do oponente, que são marcantes no aiquidô, fazem parte da proposta do estilo wado-ryu.
A metodologia adoptada pelo mestre Otsuka acabaria por afastar seu estilo marcial tanto do jiu-jitsu, que era muito mais suave, e do caratê shorin, que era muito linear e mais rígido. Esse factor também cumpriu o papel de promover a dissensão em relação mestre Funakoshi, que acreditava que a repetição constante dos kata era suficiente para o aprendizado do caratê e a prática de kumite era muito arriscada. Entretanto, Otsuka manteve estreito contacto com outros mestres, como Kenwa Mabuni e, pricipalmente, Choki Motobu, para quem o kumite deveria ser um parte importante do treino, em cujo escopo está inserta a fixação dos conhecimentos.
As visões do mestre Funakoshi, de origem oquinauaense, querendo uma modalidade mais esportiva e educacional, para o desenvolvimento do aspecto cívico do carateca, e de Otsuka, de origem nipônica e herdeiro de uma tradicional linhagem, com um abordagem mais achegada aos valores marciais tradicionais (budo), distanciaram-se sobremaneira, pelo que o mestre oquinauense achou por bem despedir-se marcialmente do aluno, pois a arte deste já não era mais Shotokan.
Em 1934, o estilo foi formalmente reconhcido como apartado do Shotokan e registrado no Butoku-kai.
Em 1935, finalmente Otsuka despediu-se de Funakoshi.
Após a morte do fundador, o estilo cindiu-se em três principais linhagens: Wado-ryu Renmei, Wado-ryu Kokusai e Wado-kai.
Características
Wado significa, em tradução literal para o português, "caminho (do) da paz e harmonia (wa)". Em 1940, mestre Hironori Otsuka fundou a Wado-kai (kai = organização), com o objetivo de consolidar as diretrizes e garantir a padronização das técnicas do Wado-ryu (ryu = estilo).
O estilo se diferencia dos demais pela ênfase no emprego de técnicas de esquiva (sabaki e nagashi), projeção — mais comuns no judô, no aiquidô e jiu-jitsu — e movimentação/troca de guarda (ten-i, ten-tai e ten-gui). Isso se deve ao fato de mestre Otsuka ter-se graduado em judô e kendo. Não que no caratê tradicional essas técnicas não existissem, como mestre Funakoshi exemplificou codificando oito movimentos de projeção, mas devido ao facto de os mestres caratê naquela época estarem buscando mais as raízes do kenpo na China, os golpes de atemi eram mais valorizados.
No estilo, as técnicas de defesa (ukewaza) são fortemente baseadas na esquiva e na movimentação de quadril, em detrimento dos bloqueios simples feitos com os braços e as mãos. Já o ataque é lançado quase simultaneamente à defesa, visando aproveitar ao máximo a força usada pelo adversário na agressão, pois um dos princípios é obter o máximo de eficiência com o mínimo gasto de energia: o kiai, no sentido de harmonizar o fluxo de energia entre os adversários, também recebe especial atenção.
Outro diferencial marcante é a prática do yakussoku kumite, ou luta combinada, que consiste em simulação de combate na quak se permite aos lutadores o treino de situações de projeção, esquiva, imobilização, finalização, defesa, ataque e contra-ataque.
Dojo kun
São os preceitos éticos a serem praticados pelo carateca.
Respeito acima de tudo
Polidez de caráter
Sinceridade
Espírito de esforço e perseverança
Conter o espírito de agressão.
Um carateca deve introduzir em suas atitudes o dojokun para alcançar um equilíbrio entre mente, corpo e alma, e assim conseguir enfrentar seu dia a dia com dignidade.